O filme Crash de Paul Haggis, que ganhou o Oscar de 2005, conta a história de um grupo de pessoas em Los Angeles que cruzam seus caminhos em diferentes situações. A trama apresenta as diversas formas de preconceito e discriminação que se manifestam na sociedade, em que cada personagem encarna ao mesmo tempo a vítima e o agressor.

O preconceito é abordado em várias manifestações, como o racial, o social e o cultural. Ainda que de forma sutil, o filme revela como as pessoas não enxergam as demais como seres humanos, mas sim como estereótipos, ou seja, uma caricatura de uma raça, religião ou classe social. Isso reflete como a sociedade é polarizada e as pessoas não estão dispostas a se colocarem no lugar do outro.

O filme também mostra como esses preconceitos podem gerar violência. Na história, a violência é física - como em uma cena em que dois personagens se confrontam na rua - ou simbólica - como quando uma personagem expressa seu desdém pelos imigrantes latinos. Em todos os casos, o resultado é uma violência que beira ao caos e que deixa sequelas psicológicas em seus praticantes e naqueles que a recebem.

Em contrapartida, o filme mostra situações em que a empatia faz a diferença. Como quando um personagem se dedica a cuidar de sua mãe com compaixão ou quando dois policiais, que tinham uma relação conflituosa no início, encontram na tragédia uma nova forma de se relacionarem humana e profissionalmente. Tais momentos deixam uma mensagem clara de que a empatia se faz necessária para desarmar preconceitos e violências.

Ao assistir Crash, é possível perceber que as questões de preconceito, violência e empatia são universais. O filme usa o ambiente de Los Angeles para mostrar que tais questões estão presentes em todas as culturas e em todas as sociedades. E que para superá-las é preciso trabalhar a empatia, ou seja, ser capaz de se colocar no lugar do outro e entender seu ponto de vista. Isso envolve uma mudança de comportamento, que começa por cada indivíduo.

Em resumo, Crash é um filme que oferece um panorama do que pode acontecer quando se vive em uma sociedade polarizada e com preconceitos internalizados. A obra não fornece soluções imediatas, mas coloca em evidência a urgência de se trabalhar a empatia e a compaixão para erradicar as injustiças e os comportamentos violentos que se tornam corriqueiros.